07 de Marco 2024

O caminho para fortalecer o empreendedorismo feminino

O caminho para fortalecer o empreendedorismo feminino

Muitos brasileiros e brasileiras têm apostado no empreendedorismo como uma possibilidade de ascensão social e mudança de vida. Investir tempo e dinheiro em seu próprio negócio possibilita uma série de benefícios, que incluem mais liberdade, flexibilidade na rotina e ganhos financeiros.

Contudo, quando falamos sobre o empreendedorismo feminino especificamente, é preciso fazer um recorte de gênero.

As mulheres precisam, além de se preocupar com o desenvolvimento do negócio, cuidar da casa, dos filhos e se responsabilizar por uma série de demandas que são culturalmente atribuídas a elas.

O empreendedorismo feminino, é, portanto, desafiador em muitos aspectos.

Neste conteúdo vamos nos aprofundar neste tema e discutir formas possíveis para o empreendedorismo feminino. Vamos lá?

Antes de tudo: o que é empreendedorismo feminino?

Como o próprio termo sugere, o empreendedorismo feminino diz respeito a um negócio criado por mulheres.

De acordo com a definição do Sebrae, “o empreendedorismo feminino é definido pela participação das mulheres no âmbito do empreendedorismo, seja iniciando e gerindo startups ou dirigindo empresas de qualquer tamanho”.

O Sebrae reforça ainda que esse tipo de empreendedorismo “representa um passo fundamental para a igualdade de gênero, proporcionando autonomia, fortalecimento e um importante meio de quebrar as barreiras sociais e econômicas que muitas vezes limitam as mulheres”.

O surgimento do empreendedorismo feminino

Ao longo da história, as mulheres se reinventaram de muitas maneiras para trazer sustento para a casa.

Essas trajetórias, contudo, são invisibilizadas. É muito comum aprendermos sobre homens que se destacaram em suas áreas.

Mas o empreendedorismo sempre esteve presente na agricultura, artesanato e comércio.

Entretanto, com a revolução industrial e as mudanças sociais trazidas por ela, é que novas oportunidades e também desafios surgiram para as mulheres no empreendedorismo.

O século XX, por exemplo, foi marcado pelo número de mulheres empreendedoras, também influenciadas pela luta do direito ao voto, maior acesso à educação e a participação no mercado de trabalho.

Com o passar do tempo, nos últimos anos, o lugar das mulheres no empreendedorismo se consolidou, mas continua longe de ser o ideal.

Essa consolidação também é um resultado do esforço de diversas entidades estatais e organizações independentes criadas para fortalecer a presença feminina no ambiente de negócios.

O papel que essas organizações possuem na disseminação de informações no meio online é um dos principais motivadores do empreendedorismo feminino.

Ao enxergar outras mulheres empreendendo, ou aquelas que estão em cargos de liderança no mercado de trabalho, demonstra que esse é um caminho possível de se trilhar.

Como fortalecer o empreendedorismo feminino?

A pesquisadora de gênero, especialista em empreendedorismo feminino, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME, Ana Fontes, publicou um artigo que aborda esse tema.

No começo de seu trabalho, ela começa apresentando um retrato das mulheres empreendedoras no Brasil.

Uma pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora (RME) de 2022 ouviu 3.386 mulheres de cinco regiões do país para entender o perfil atual das mulheres que resolvem trabalhar por conta própria ou abrir um negócio.

Em primeiro lugar, entre as razões para empreender, está a vontade de ter independência financeira.

O conjunto de motivos mais frequentes, segundo o estudo, demonstra uma mistura entre a ambição de encontrar oportunidades melhores, a necessidade de ter renda e conseguir conciliar a carga de atividades diárias.

Outras respostas incluem ainda: “empreender sempre foi um sonho meu”, “por falta de trabalho/desemprego” e “para buscar novos desafios”.

O perfil da mulher brasileira empreendedora

A pesquisa também definiu um perfil de quem é a mulher empreendedora no Brasil.

Essa mulher é, em geral, mãe, casada e negra e que não cursou o ensino superior.

Metade pertence à classe C e 34%, às classes A e B.

Metade delas trabalham na informalidade, já que a maioria não possui recursos para custear impostos e outras obrigações.

O percentual de empreendedoras informais é superior no norte e nordeste (75 e 64%, respectivamente), do que no centro-oeste, sul e sudeste (49, 43 e 41%).

O Brasil conta com mais de 52 milhões de empreendedores, dos quais 30 milhões são mulheres, tornando o nosso país o sétimo com mais empreendedores do sexo feminino no mundo.

No Brasil, 47% do empreendedorismo feminino é motivado por necessidade. Para os homens, esse índice é de 34%.

O empreendedorismo brasileiro se comparado com outros países

Em países da América do Norte, a taxa média de empreendedorismo feminino por necessidade é de apenas 13% e, mesmo na América Latina e no Caribe, é de 30%.

Isto é, no nosso país, o empreendedorismo feminino é a solução para levar comida à mesa de milhões de famílias.

Considerando que o percentual de mulheres que empreendem por necessidade é maior do que o de homens, é de se esperar que a predominância de porte empresarial também se diferencie.

Enquanto 80% das empreendedoras obtêm faturamento mensal de até 5 mil reais, 69% dos empreendedores homens situam-se nesse patamar de renda de 8 mil.

Formas efetivas de incentivar o empreendedorismo feminino

O artigo trouxe ainda algumas iniciativas que podem ser feitas para incentivar o empreendedorismo feminino.

  • Facilitar o acesso a diferentes tipos de capital: o primeiro passo para incentivar o empreendedorismo feminino é contestar todas as formas de preconceitos e estereótipos para que mulheres empreendedoras garantam financiamento e investimentos para seus negócios. Investidores anjos e microcrédito podem ser alternativas viáveis e são essenciais para um empreendimento começar a obter sucesso.
  • Incentivar a digitalização dos negócios: o acesso a tecnologias que estimulam vendas e o maior alcance de produtos é essencial para as empreendedoras. Por isso a capacitação é muito importante, bem como o acesso à internet em todas as regiões do país.
  • Promover acesso à inovação: segundo a pesquisa, “existem indícios de que as mulheres empreendedoras obtêm menor acesso a programas de inovação do que os homens. De acordo com levantamento da plataforma Pipe Social sobre características de 1.272 negócios de impacto, esses empreendimentos que buscam, além do lucro, mudanças ambientais e sociais têm equilíbrio entre times femininos e masculinos”. Nesse sentido, as mulheres precisam ter igualdade de oportunidades. E quando falamos de igualdade, isso inclui o acesso a programas de inovação e aceleração que podem estimular a criação de empreendimentos criados por mulheres.
  • Garantir oportunidades de acesso a mercados: a criação de políticas de compras afirmativas em grandes empresas para adquirirem produtos e serviços de empreendimentos liderados por mulheres é uma forma de incentivo ao empreendedorismo feminino.
  • Promover educação e capacitação: o sucesso de um negócio depende da capacitação dos seus proprietários. Pensando nisso, investir em programas de formação e capacitação para empreendedoras é outro passo crucial para o desenvolvimento de negócios criados por mulheres.
  • Assegurar direitos das mulheres: desenvolver e promover políticas públicas para combater todas as formas de discriminação e violência contra a mulher também estão entre as estratégias para fortalecer o empreendedorismo feminino.

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